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República Checa,  Europa

Campo de concentração de Terezín

O Campo de Concentração de Terezín foi construído a cerca de 60km de Praga e funcionou durante 3 anos e meio, de 24 Novembro de 1941 a 9 Maio de 1945. É um dos locais a não perder na República Checa e o ponto mais importante que relembra os horrores cometidos durante a Segunda Grande Guerra e do Holocausto no país.

Se vais visitar a República Checa e já fizeste o roteiro de dois dias por Praga, esta é uma boa opção para uma visita de um dia (ou meio dia) com partida e chegada desde Praga.

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Bloco do Pequeno Forte

Historia Terezín

Terezín foi construído entre 1780 e 1790 pelo imperador austríaco José II.

Ao contrário do que muita gente pensa, Terezín não é o nome de uma cidade mas sim de um complexo militar constituído por 2 fortes (Forte Principal e Pequeno Forte). Recebeu este nome como homenagem à mãe do imperador, Maria Teresa de Áustria.

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Projecto original de Terezín (1790)

Entre 1914 e 1918 este complexo teve o seu “momento de glória” ao ser utilizado para prender Gavrilo Princip, o autor do assassinato do Arquiduque Franz Ferdinand da Áustria, o que deu início à Primeira Grande Guerra. Princip acabou por morrer de tuberculose na cela nº1 a 28 de Abril de 1918.

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Cela onde Princip esteve preso até à sua morte

Em 1940 quando os nazis invadiram a República Checa decidiram utilizar o Pequeno Forte como prisão da Gestapo. Pouco depois anexaram também o Forte Principal e criaram o que hoje em dia é conhecido como o Campo de Concentração de Terezín.

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Durante os primeiros anos os judeus deportados para Terezín conviveram com os habitantes nativos desta “cidade”, mas durante a primavera de 1942 estas 7000 pessoas foram expulsas das suas casas e o forte foi fechado, passando a funcionar como gueto e campo de concentração.






O Que Ver Em Terezín?

O complexo é constituído por vários locais, monumentos e memoriais que merecem a pena a visita. Os mais conhecidos são o Pequeno Forte e o Museu do Gueto. No entanto locais como o Forte Principal, o Crematório e o Cemitério Nacional não devem ser esquecidos.

Pequeno Forte (Malá Pevnost)

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O trabalho liberta

É o que mais se assemelha a um campo de concentração como estamos habituados a ver. A famosa inscrição ‘Arbeit Macht Frei’ está colocada por cima da porta de entrada ao Pequeno Forte.

Aqui encontramos também o campo de fuzilamento, a chamada “Porta da Morte” e os túneis subterrâneos que nos levam de um lado ao outro da fortaleza.

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Porta da Morte. Quem atravessava esta porta sabia que não sobreviveria
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Uma das forcas utilizadas no campo
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Campo de fuzilamento, local onde se posicionavam os guardas

No Pequeno Forte existiam 3 tipos de celas, que eram utilizadas para receber distintos tipos de presos. As celas mais comuns eram as coletivas, onde vários presos eram obrigados a ficar de pé dia e noite. As celas eram tão pequenas que não havia espaço para se deitarem ou sentarem. A maioria delas nem sequer tinha janelas. Eram utilizadas pelos presos judeus.

Campo de concentração de Terezín 10Os outros presos, normalmente presos políticos, tinham um pouco mais de “sorte” e eram mantidos em celas com camas de 3 andares que possuíam pia e sanita.

Para aqueles presos que se portavam mal existiam também as solitárias, onde eram colocados durante longos períodos de tempo muitas vezes sem acesso a água ou comida.

Forte Principal

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Edifícios dentro do Forte Principal (Wikimedia Commons / Licença CC)

Ao contrário do Pequeno Forte, que foi durante anos uma prisão, o Forte Principal era mais parecido a uma cidade amuralhada ou neste caso, um gueto. Era um centro de trânsito de judeus vindos dos países limítrofes da República Checa com destino a campos de extermínio como Auschwitz.

Crematório

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Entrada para o Crematório
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Um dos fornos do crematório

No início Terezín não era um campo de extermínio e nem sequer existia câmara de gás ou crematório. Os presos eram enforcados ou mortos no campo de fuzilamento. Com o avançar da guerra e a chamada “Solução Final”, os nazis decidiram matar o maior número possível de judeus e o crematório foi construído em Terezín.

Cemitério

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Cemitério Nacional

Para recordar todas as vítimas do Holocausto foi levantado um memorial na zona do Pequeno Forte. Decidiram chamar-lhe Cemitério Nacional e, custodiadas por uma cruz e uma estrela de David gigantes, estão 600 túmulos onde repousam os corpos encontrados durante a libertação do campo pelos soldados soviéticos em 1945.

Museu do Gueto

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(Wikimedia Commons / Licença CC)

Está situado no Forte Principal e, juntamente com o Pequeno Forte, é um dos locais mais visitados do complexo.

Antes de chegarem os nazis o edifício era uma escola. Com a transformação do gueto passou a ser uma casa para rapazes. Hoje em dia é um museu que alberga vários documentos e objetos relacionados com o Holocausto e Terezín, incluindo obras de arte e pinturas feitas no gueto durante a época nazi. Aqui encontramos também uma explicação detalhada de como os nazis conseguiram enganar a Cruz Vermelha durante a sua visita em 1944.

Campo Modelo

Pouco depois do Dia D, e pela primeira vez, os nazis permitiram que altos dignitários estrangeiros visitassem um campo de concentração. Porquê? Para tentar enganar o mundo acerca do extermínio de judeus. Pensaram que se mostrassem o quão felizes os judeus eram, os países estrangeiros ficariam satisfeitos e não voltariam a incomodar, deixando-os continuar com a “Solução Final” em paz.

Em 1944 uma representação da Cruz Vermelha visitou Terezín e foi levada por uma rota preestabelecida através do campo.

Mas antes de a Cruz Vermelha chegar, muita coisa no campo foi modificada de forma a dar-lhe um aspecto melhor do que o que realmente tinha: os alemães começaram por deportar quase metade da população que ali vivia até ao momento, assim puderam dar uma ideia de que o campo não estava sobrelotado; foram plantados jardins, as casas foram pintadas e os quartéis foram remodelados. Cafés, lojas e até um banco foram construídos dentro do campo para dar a impressão de que os judeus viviam confortavelmente.

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Foram organizados jogos de futebol, eventos sociais e culturais e a fortaleza foi chamada de “cidade spa”, o local perfeito onde os judeus idosos se poderiam reformar e passar o resto das suas vidas tranquilamente.

Funcionou. A Cruz Vermelha visitou o campo e achou que nada de errado havia ali e que as pessoas eram relativamente felizes e bem tratadas. Therezinstadt era um campo modelo!
Aproveitando estas melhoras, os nazis decidiram gravar um documentário sobre o suposto campo modelo para o poderem utilizar como propaganda.

O documentário foi dirigido pelo prisioneiro judeu Kurt Gerron, um diretor e ator experiente e a filmagem durou 11 dias. Quando as gravações terminaram, o diretor e a maioria do elenco foram enviados para Auschwitz e acabaram nas câmaras de gás.

O nome do documentário? Theresienstadt. Ein Dokumentarfilm aus dem jüdischen Siedlungsgebiet (“Terezin: A Documentary Film of the Jewish Resettlement”).

Como o filme não foi completado quase até ao final da guerra, acabou por não ser distribuído nem ter o impacto que os nazis pretendiam, no entanto ainda foi visto algumas vezes. A maioria do filme foi destruído, mas algumas partes sobreviveram até aos nossos dias:

https://www.youtube.com/watch?v=UP8eYTwmPt0

 

Como chegar a Terezín?

Podemos chegar a Terezin de autocarro ou directamente numa excursão organizada que nos levará apenas aos locais “mais importantes”. A cidade não tem estação de comboios.

Autocarro

Desde a central de autocarros de Florenc saem 10 autocarros todas as manhãs para Terezín. Demoram cerca de 1 hora a chegar.

Da estação de comboios Holešovice (Nádraží Holešovice) saem também alguns autocarros durante o dia.

O preço varia entre os 70 CZK e os 90 CZK. Ao procurar os autocarros, ter em conta que o destino é Terezín (LT).

Aqui fica um site para encontrar os horários de autocarros para Terezín.

Tours organizados

Existem tours de 1 dia ou meio dia que visitam os difernetes locais de Terezín relacionados com o Holocausto e o Campo de Concentração. Os preços variam entre os 30€ e os 45€, dependendo de se é um tour de meio dia ou dia completo.

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Informações

Caso queiram visitar Terezín, aqui ficam algumas informações a ter em conta.

Preço

Adultos 215 CZK, reduzido 165 CZK, família (2 adultos + 3 crianças) 425 CZK

Horários

Pequena Fortaleza
1 Novembro a 31 Março – 08h00 às 16h30
1 Abril a 31 Outubro – 08h00 às 18h00

Museu do Gueto e Quartel Magdeburg
1 Novembro a 31 Março – 09h00 às 17h30
1 Abril a 31 Outubro – 09h00 às 18h00

Crematório
1 Novembro a 31 Março – 10h00 às 16h00
1 Abril a 31 Outubro – 10h00 às 18h00
Encerra aos Sábados

Columbarium, Salões cerimonais e Morgue Central
1 Novembro a 31 Março – 09h00 às 17h00
1 Abril a 31 Outubro – 09h00 às 18h00

Sala de oração original do gueto de Terezín e réplica de sótão
1 Novembro a 31 Março – 09h00 às 17h30
1 Abril a 31 Outubro – 09h00 às 18h00

Fechado nos dias 24 a 26 de Dezembro e 1 de Janeiro

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19 Comments

  • Oscar | www.viajoteca.com

    Acho que nunca tinha ouvido falar sobre esse campo de concentração em particular. Quando morei na Alemanha tive a oportunidade de visitar alguns deles incluindo Dacha, Sachsenhausen, Buchenwald e Auschwitz na Polônia. São visitas extremamente tocantes e o pior de tudo é que mesmo com todos os horrores vivenciados nessa época nefasta da história da humanidade, continuamos permitindo que atrocidades e genocídios continuem a acontecer até os dias de hoje. Interessante saber um pouco mais sobre a história que antecedeu a história deste campo de concentração através do seu post.

    • Susana

      Concordo totalmente com o teu comentário!
      Quando os campos foram libertados, os americanos disseram ‘filmes e tirei fotos de tudo para que no futuro ninguém se esqueça nem digam que isto é uma mentira e nunca existiu’… Hoje em dia não temos campos de concentração (que se saiba, pelo menos), mas mesmo assim as atrocidades não param 🙁

  • Analuiza

    Já estive no campo de Dachau, visitei inúmeros museus na Alemanha e já li muito sobre a segunda guerra mas estou sempre a me surpreender com a capacidade criativa nazi para torturar, maltratar, matar… Esta ação para enganar a Cruz Vermelha, por exemplo, não sabia! Ler textos como esse é um passeio duro, mas estar pessoalmente nestes lugares é ainda mais difícil. Entretanto acho que nos torna mais humanos.

    • Susana

      Concordo plenamente!
      Não tive oportunidade de estar em nenhum campo na Alemanha, mas visitei Auschwitza, este e um outro em Estrasburgo. Todos diferentes e todos com as suas histórias particulares.
      Os nazis realmente eram demasiado criativos no que se referia ao mal 🙁

  • Martinha Andersen

    Faço coro nos que não conheciam esse campo. Eu tenho um lado sombrio que gosto de visitar cemitérios, campos de concentração, … faz parte da história e não dá para fugir.
    Estou indo para Praga em Novembro e vou tentar me programar para visitá-lo. =)

    • Susana

      Aconselho 100%! Eu fui com uma excursão dessas programadas que te leva de minivan desde Praga até lá, faz a visita guiada e volta… Não tinha tempo para um percurso mais longo, assim que optei pelo fácil! Leve água e algo para comer durante o dia. Se bem me lembro não havia nenhuma cafetaria por lá…

    • Elís Morais

      Olá, também estarei em Praga no mês de novembro (03 até 06), estou programando ir a Terezin??? Quando você estará em Praga???

  • Sil Mendes

    Lugares como esse nos transformam. Vivi uma experiência parecida quando visitei o campo de concentração de Auschwitz. É uma visita que não se esquece, pelo simbolismo, pela importância do lugar e para que nos conheçamos como seres humanos, com todas nossas qualidades e terríveis defeitos. Parabéns pelo post.

  • Paola Ramos

    Não conhecia nada sobre esse campo. Confesso que apesar de fazer parte da história e tudo, acho que eu não visitaria um lugar desses por achar que seria pesado demais. É incrível a capacidade do ser humano de conseguir tratar tão mal, torturar a esse ponto outro ser… Essa manipulação da situação pra convencer a cruz vermelha foi surreal! Nunca tinha ouvido falar sobre isso tb.

  • Simone Hara

    Belo post sobre um lugar tão triste.
    Confesso que ainda não tive coragem pra fazer visita a um campo. É um período muito triste e pesado da história e não sei se tenho estrutura emocional pra essa experiência.

    • Susana

      Eu aconselho sempre toda a gente a visitar pelo menos um campo. Podem nem ser de extremínio, como Auschwitz, mas de concentração “apenas”. É uma forma de não esquecermos o que se passou e não voltarmos a cometer os mesmos erros no futuro

    • Susana

      Este lugar não é tão conhecido como Auschwitz ou Dacahu, mas merece a pena visitar! Para além da história como campo de concentração, também foi uma fortaleza militar, então temos um pouco de ambos os mundos!

  • rui batista

    Voltei agora da República Checa, mas não tive a oportunidade de visitar. E confesso que já tenho a minha ‘dose’ de campos de concentração. Vitais para nos avivar a memória quanto às atrocidades do passado. Quem nunca visitou, deveria pensar, a sério, nisso. Parabéns pelo post.

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