
Semana Santa de Braga
Sendo eu de Braga, pareceu-me bastante oportuno começar o blog com uma das festas mais características da minha cidade: a Semana Santa.
As origens desta festa são desconhecidas mas, segundo a tradição, as festividades foram inspiradas num manuscrito do século IV em que uma mulher depois de visitar a Terra Santa, descreveu com todos os detalhes a sua “Peregrinatio ad Loca Sancta” (Peregrinação aos Lugares Santos). O que sim é certo, é que a Semana Santa se festeja em Braga desde, pelo menos, o século XVI.
A cada ano que passa existem mais eventos relacionados com a Semana Santa e a Quaresma, sejam eles concertos, missas, procissões e cortejos, o Lausperene Quaresmal, etc etc etc…
Este ano a Semana Santa celebra-se entre os dias 21 e 27 de Março, no entanto as celebrações começaram já este mês, a 10 de Fevereiro, com o início do Lausperene Quaresmal.
Celebrações mais importantes da Semana Santa de Braga
Lausperene Quaresmal
Tradição bastante antiga, instituída em 1710 pelo Arcebispo D. Rodrigo de Moura Teles e que ainda hoje se conserva. O Santíssimo Sacramento é exposto durante toda a Quaresma em várias igrejas da cidade, durando em cada uma delas 1 ou 2 dias. As igrejas são ricamente adornadas com flores, velas e as típicas cortinas roxas na entrada principal. Junto à entrada podemos também encontrar as “rebuçadeiras” com os tradicionais “rebuçados do Senhor”.
Para as pessoas que não são religiosas mas gostam de apreciar as igrejas por dentro, esta é uma boa oportunidade, já que muitas delas não costumam estar abertas no dia-a-dia para visita.
Domingo de Ramos – Procissão dos Passos
Procissão organizada pela Irmandade de Santa Cruz que percorre as ruas da cidade passando por todos os ‘calvários’, onde estão representados os principais etapas do caminho de Cristo até ao Calvário. Nesta procissão a própria imagem de Jesus, ou o chamado “Senhor dos Passos”, leva a cruz às costas. Junto à igreja de Santa Cruz, tem lugar o Sermão do Encontro e, no decurso deste, o encontro de Jesus com a sua mãe, a “Senhora das Dores”, um andor que sai da Igreja de Santa Cruz para se juntar à procissão.
CALVÁRIOS – Oito quadros representativos dos “passos” de Cristo a caminho do Calvário. Estão espalhados pelo centro da cidade de Braga e são propriedade da Irmandade de Santa Cruz. Caracterizados pelas suas portas verdes de madeira, fechadas durante todo o ano, apenas são abertos durante a Semana Santa.
- 1ª estação - Jesus toma a sua cruz
- 2ª estação - Jesus encontra a sua mãe
- 4ª estação - Verónica limpa o rosto de Jesus
- 6ª estação - Jesus consola as mulheres de Jerusalém
- 7ª estação - Segunda Queda
Quarta-feira – Cortejo bíblico “Vós sereis o Meu povo”

Entre os ‘habitués’ da Semana Santa de Braga e os bracarenses é conhecida pela Procissão da Burrinha, ou de Nossa Senhora da Burrinha. Durante 25 anos esta procissão não se realizou, mas em 1998 a paróquia e a Junta de Freguesia de São Victor decidiram reviver a tradição. E eu participei nela, com o meu pai, o meu tio e a minha avó! (fotos para breve)
A procissão representa várias etapas e cenas bíblicas, desde o chamamento de Abraão, passando pela era dos Patriarcas, a escravidão no Egipto, até à infância de Jesus, incluindo a sua fuga com José e Maria montada numa burrinha. Daí o nome!
Quinta-feira – Procissão do Senhor “Ecce Homo”

A minha favorita, sem dúvida!
Evoca o julgamento de Jesus e é popularmente conhecida pela Procissão dos Fogaréus ou do Senhor da Cana Verde.
O traço mais distintivo desta procissão, que toda a gente conhece, e de quem todas as crianças têm medo, são os famosos farricocos! Vestidos com uma túnica preta (balandrau), descalços e cara tapada com um capuz e uma coroa de sisal, transportam fogaréus com pinhas a arder e matracas, cujo som característico é ouvido durante toda a procissão. Representam os antigos penitentes.
Só desfila um andor, o Senhor da Cana Verde (Senhor ‘Ecce Homo’). Representa Cristo no momento em que se apresenta como rei e Pilates o ridiculariza pondo-lhe na mão uma cana verde (um ceptro) e dizendo à multidão “Éis o homem!”

Para quem não é religioso, estas “declarações de fé” são de certeza chatas e nada interessantes. O mesmo se passa com as crianças. Quando eu era pequena, lembro-me que adorava ir ver as procissões por alguns motivos muito simples:
– ver os cavalos
– ver os farricocos
– ver se os farricocos que iam descalços pisavam a bosta dos cavalos
– tentar reconhecer alguém (e rir-me dessa pessoa)
– ver as senhoras de idade a lutarem por ficarem na fila da frente “para verem melhor”
Estes três últimos motivos eram (e são) partilhados com os adultos, que às vezes chegavam a um ponto um bocadinho mais hardcore e atiravam pontas de cigarro a ver qual dos farricocos as pisava…
Sexta-feira – Procissão do Enterro do Senhor

A procissão mais solene de todas. Aquela em que toda a cidade carrega o luto e faz (ou fazia…) um silêncio de cortar à faca…
Para mim a procissão mais chata de todas. Composta por 3 andores: esquife de Jesus, Santa Cruz e a Senhora das Dores; meia dúzia de “anjinhos papudos” vestidos de luto e centenas de autoridades, confrarias, “Santas Casas da Misericórdia” e cavaleiros de diversas ordens. Nos últimos anos perdeu-se a essência desta procissão e agora é mais um desfile de gente que quer ser vista, do que propriamente uma procissão da Semana Santa. Encabeçam a procissão os farricocos com as matracas silenciosas e os fogaréus apagados e a arrastar pelo chão.
Domingo – Visita Pascal

A visita Pascal é um dos costumes mais enraizado e estendidos no norte de Portugal, tanto durante o Domingo de Páscoa como, em alguns casos, na Segunda-feira de Pascoela.
O Compasso Pascal é composto por um grupo de paroquianos liderados por um crucifixo que representa a presença de Jesus. Vão percorrendo as casas de outros paroquianos que, ao decorarem as entradas das casa com um tapete de flores, mostram a vontade de receber a visita de Jesus Ressuscitado no dia de Páscoa.
Quando o Compasso está em movimento entre uma casa e outra, dita tradição que uma criança vá tocando uma sineta para que as próximas casas saibam que a Cruz se aproxima e todos os membros da família se possam reunir para a receber.
Apesar de a tradição de oferecer pão-de-ló e folar de Páscoa ao pároco e ao compasso de cada vez que chegam a uma casa se ter perdido no centro da cidade, isso ainda é feito nas aldeias.
No final do dia, os vários Compassos reúnem-se e voltam em procissão para a igreja paroquial de onde partiram.
Este é provavelmente o dia que mais piadas e momentos divertidos acumula na minha família. Todos os anos é certo e sabido que alguém vai andar a gritar “Vem aí a cruz!” a cada meia hora, para deixar a casa em alvoroço e as pessoas preocupadas… Freiras esganiçadas a cantar, ataques de riso, pessoas que não conhecem a tradição e “metem a pata na poça” e mil e uma coisas, acho que já vi de tudo neste dia!
E depois deste testamento ‘religioso’ ficaram com vontade de conhecer a Semana Santa de Braga? Se sim continuem a ler para mais informações sobre como chegar e onde dormir!

Como chegar a Braga?
Braga está bastante bem localizada e comunicada, portanto é possível chegar até à cidade de várias formas: autocarro, comboio, carro ou (indirectamente) avião.
Se vierem de longe, talvez a melhor forma seja o avião… Existem montes de voos baratos para o Porto com várias companhias aéreas e desde várias cidades europeias. É só escolher o melhor e voar! 🙂 Ao chegar ao Porto poderão alugar um carro, ir de metro até ao centro da cidade e posteriormente de comboio para Braga, ou então apanhar ‘boleia’ no GetBus, o autocarro directo entre o aeroporto e Braga (ou Guimarães). O bilhete simples sai por 8€ e o de ida e volta por 14€.
O comboio também é uma boa opção para quem mora relativamente perto. Há comboios urbanos entre Braga e o Porto durante todo o dia e o bilhete simples custa 2,55€. A viagem demora cerca de 1h e faz-se bastante bem. (ainda sou do tempo de juntar as amigas e ir até ao Porto de comboio, fazer compras…)
Autocarro: talvez seja a viagem mais incómoda… Entre Lisboa e Braga, por exemplo, demora cerca de 4h/4h30… É mais barato que o comboio, mas em comparação com o tempo que demora o Alfa Pendular, não sei se compensará as 4h passadas enfiada ali dentro…
Carro: é sempre a opção mais cómoda, que nos permite andar para trás e para a frente quando quisermos… Podem sempre tentar um BlaBlaCar desde a vossa cidade de partida e assim poupar uns euritos.
Onde dormir?
Sendo eu de Braga, talvez as minhas opções sejam bastante suspeitas, mas aqui ficam os meus hotéis “preferidos”:
– Para quem prefere ficar longe do centro da cidade e rodeado por natureza, eu escolheria um dos Hotéis do Bom Jesus, talvez o Hotel do Templo, por causa daquela piscina interior com vistas sobre a cidade! <3
– No centro da cidade: opções é o que não falta! Desde o antigo e mítico Hotel Turismo convertido em Hotel Mercure, ao Hotel Ibis ou às recentes albergarias e ‘guesthouses’ que povoam o centro histórico… Qualquer um deles é bom, e a escolha só depende do orçamento disponível! Podem também aproveitar as casas no Airbnb, vi várias opções bastante interessantes e bem localizadas!

Pergunta do dia:
Já alguma vez estiveram presentes na Semana Santa de Braga? Gostaram? Contem a vossa experiência! E se forem de Braga ainda melhor! Contem as vossas peripécias, porque depois de 20 ou 30 “Semanas Santas” todos temos muitas coisas para contar! 😀
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